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23/04/2018
Iniciativa faz parte do projeto social Ponto Firme, liderado pelo designer e artesão Gustavo Silvestre
São Paulo – A 45ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW) começa no próximo sábado, dia 21 de abril, e um desfile especial deve marcar o primeiro dia do evento de moda mais importante do país. Trata-se da apresentação das roupas em crochê feitas por detentos da Penitenciária Desembargador Adriano Marrey, em Guarulhos, São Paulo.
A coleção faz parte do projeto social Ponto Firme, liderado pelo designer e artesão Gustavo Silvestre, que há mais de dois anos ensina aos detentos a arte de crochetar. Ao todo, mais de 30 peças serão apresentadas durante o desfile e depois ficarão expostas no Museu da Resistência dentro da Estação Pinacoteca, em São Paulo.
O projeto Ponto Firme, que tem o apoio da Círculo S/A, começou em outubro de 2015 e Silvestre nem nos seus mais lindos sonhos poderia imaginar a proporção que ele iria ganhar. “Quando comecei na penitenciária, eram 11 alunos e apenas três deles sabiam fazer crochê”, afirma Silvestre.
No início, os detentos faziam peças de decoração, como tapetes, toalhas e redes. Com o passar do tempo, começaram a se interessar por outras peças até descobrirem a moda. “De dentro do presídio, dava para ver um outdoor com a Gisele Bündchen e eu brincava dizendo que ela poderia desfilar com as roupas criadas por eles um dia”.
A ideia de fazer um desfile profissional com as peças criadas pelos detentos surgiu depois que Silvestre apresentou o projeto Ponto Firme a Paulo Borges, idealizador e diretor criativo da SPFW. Segundo Silvestre, ele gostou da ideia e abraçou a causa.
Como os detentos não poderão assistir à apresentação no próximo sábado, Silvestre organizou no início do mês de abril o mesmo desfile com as mesmas modelos dentro da penitenciária. “Foi extremamente emocionante. Poder tocar na autoestima de pessoas que nunca foram valorizadas é enriquecedor”, afirma Silvestre.
O designer ainda tem planos de abrir uma cooperativa de crochê para acolher ex-detentos e dar a eles a oportunidade de trabalho. De acordo com Silvestre, a ressocialização dessas pessoas é complicada, pois a maioria não tem nenhuma formação e, sem a chance de trabalhar, muitos acabam voltando para o crime.